quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

De Madrid a Paris

Partimos para Madrid no dia 22 de Dezembro, logo após o início das férias de Natal e Ano Novo na Europa e já começamos a nos aventurar antes mesmo de sair de Portugal. Eu, inocente, comprei as passagens para Madrid, saindo de Porto as 6h30 da manhã. O fato é que Porto fica há uma hora de trem de Braga e o último trem sai a 0h50, e como o primeiro sai as 6h não daria tempo de chegar ao aeroporto, já que chegando em Porto, ainda teríamos que pegar o metrô até lá. Enfim, saímos de Braga então lá pelas 20h, de mochila feita nas costas. Já tínhamos ponderado a respeito de dormir em um hotel, mas chegamos a conclusão que seria em vão, pois teríamos que acordar por volta das 3h... Então... Resolvemos passar a noite no aeroporto.

Noite cansativa, meu bonito com a garganta querendo inflamar,sem crédito no celular para falar com nossas famílias. Foi assim que embarcamos para Madrid e nem preciso dizer que apaguei durante o voo.

Madrid é realmente uma cidade muito linda. O hostel que ficamos era pertinho de quase tudo que queríamos visitar e ainda perto de duas estações do metrô. Todos os dias experimentávamos pratos típicos e nosso orçamento foi pras cucuias praticamente só com alimentação... alimentação e dois batonzinhos básicos da M.A.C... afinal, era uma das minhas metas levar uns pra casa. Além disso, um cenário muito romântico e inspirador.

A Juliana, que já tinha desistido de vir com a gente para Madrid, nos avisou que tinha desistido também de Paris e que estava indo para Barcelona com a galera de Lisboa. Boa, mas ela fez falta...

No dia de Natal, saímos pra jantar e escolhemos um restaurante japonês. Gastamos o que tínhamos e o que não tínhamos lá, mas nos demos a desculpa daquela ser nossa ceia de Natal. Demos uma volta em Puerta del Sol, que estava lotada de pessoas festejando e o resto da noite passamos no hotel, falando com nossas famílias pelo Skype.

Dia 27 de Dezembro, hora de ir embora para Paris e detalhe, novamente o voo saia as 6h30 e não tínhamos mais diárias no hostel, então tivemos que dormir no aeroporto de novo. Detalhe que um chinês ficou boa parte da noite nos olhando enquanto dormíamos... Bizarro. Outro detalhe é que a Ryanair, companhia aérea low coast, só chega em Paris pelo aeroporto de Beauvais, que fica a mais de uma hora da cidade.

Paris é linda demais... O bordão da viagem era: adooro Paris! No melhor estilo novela do Manuel Carlos... Mas lá tivemos um pouco de azar: Carlos ficou mais doente e passamos 3 dias no hotel, mas um dia foi pelo cansaço da viagem. Além disso, estávamos sem celular, a net do hotel não funcionava, então caímos na besteira de ligar pra casa do hotel. Eu sabia que a ligação ia ser cara, mas não imaginava que o hotel fosse nos roubar, lucrar descaradamente com duas ligações de menos de 5 minutos cada uma: nos foi cobrado o valor de 40€! Roubo!

Tirando isso, a cidade me enchia os olhos e a cada hora eu lembrava: Caramba, eu tô em Paris!

O Ano Novo lá foi muito, mas muito sem graça: fomos até a Torre Eiffel e estávamos esperando os fogos... Nada! Quando dei 0h, as luzes da decoração de Natal da torre se acenderam, piscaram por uns 3 minutos e apagaram novamente! Quando voltamos pro hotel, vimos na televisão o Ano Novo em outras partes do mundo, inclusive no Rio de Janeiro e ficamos ponderando sobre outros lugares para onde deveríamos ter ido no Ano Novo. Frustrante, mas Paris valeu a pena.


Lá que a saudade da família apertou e apesar de ainda ter duas viagens marcadas e de estar ansiosa por elas, bateu a sensação de que Europa já deu o que tinha que dar e que eu tô doida mesmo é pra voltar pro calorzinho do meu país, abraçar minha família e meus amigos e curtir uma praia no Carnaval.


Her Prince Finally Came to Save Her

"She lives in a fairy tale
Somewhere too far for us to find
Forgotten the taste and smell
Of the world that she's left behind
It's all about the exposure of lens, I told her
The angles are all wrong now
She's ripping wings off of butterflies"

E então minha calma veio... Meu sossego.
Você me traz paz.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Marrakech e Porto

Esse fim de semana fomos viajar com a Bruna e uma galera de Erasmus de Lisboa. O plano era Marrakech quinta e sexta, e sábado e domingo Porto. Pegamos o avião da Ryanair, um voo low coast e já nos entrosamos de cara. A galera da Bruna é muito gente boa, não foi difícil, quando vimos já batíamos altos papos. Detalhe: entramos nos voo faltando uns 10min p/ encerrar o embarque, a galera já tava desesperada achando que ia perder o voo e o tio do passaporte só enrolando… Saimos correndo e todo mundo entrou, sem treta.

Chegando em Marrakech, calor, sol, secura e eu já me sentia muito bem, tinha tudo p/ ser bom: uma galera legal, um destino exótico e a ansiedade de conhecer tudo que podia o quanto antes.

Marrakech é um lugar maravilhoso, cheiro, som, cor, sabor, tudo misturado. Tinha cheiro ruim, mas tinha cheiro bom. A comida esquisita, mas nem por isso ruim. A música não para um segundo. Encantadores de cobras nas ruas, gente gritando, vendedores, turistas, uma loucura. A oração no alto falante as 5h e tantas da manhã foi a melhor coisa, me senti super no clima, caramba, eu tô no Marrocos!

Andamos pela Medina, fizemos compras, experimentamos comidas típicas, conversamos com vendedores, e logo descobrimos que para fazer um bom negocio ali era preciso pechinchar e não ceder nunca. Passávamos cerca de 10 ou 15min pechinchando e as vezes ainda saíamos sem levar. Muitas coisas, conseguimos pela metade do preço, certamente uma viagem muito económica.

No outro dia, um passeio para o deserto. Muitas horas dentro de uma van, com m

úsica típica tocando o tempo inteiro, e poucos minutos nos destinos. Sem contar as curvas muito loucas que havia na estrada, algumas pareciam mais um retorno de tão fechadas. E o motorista fazia todas ocupando as duas mãos da estrada, apenas buzinava para avisar. Corriamos sério perigo de vida ali, quase colidimos com um Volks, e eu via a hora na van virar e a gente despencar penhasco abaixo… Medo.

Ao fim do dia, todo mundo se juntou no terraço do Riad, cobertores, uma vista linda da cidade, damascos, tâmaras e conversa fiada.

No outro dia, demos a ultima volta na cidade e partimos para o aeroporto. Chegando em Porto, uma galera voltou para Lisboa e outra resolveu ficar em Porto por uma noite. Ficamos, eu, Ju, Paula, Bruna e o seu pseudo, Antônio, que não estava em Marrakech mas foi nos encontrar lá.

Em Porto, comemos no MC Donald’s e confissão: Comi um Big Tasty Bacon depois de 3 anos sem comer carne! Me senti como se estivesse fazendo algo muito errado, mas depois passou. Enfim, deixa pra lá, tudo mundo erra… KKKKKK Arrumamos um hotel, pechinchando de novo, por 10 euros por pessoa. Compramos vinho, conversamos muito. A Paula estourou uma garrafa de vinho empurrando a rolha pra dentro e cortou a mão muito fundo, mas a essa altura ela já estava anestesiada e nem sentiu e não deixou ninguém levar ela no hospital nem em lugar nenhum. Nos arrumamos e saímos. Ficamos menos de uma hora na rua, em frente ao piolho e começou a chover, decidimos então voltar ao hotel, pois Juliana e Paula estavam bebinhas… Corremos na chuva, chegamos no hotel e todo mundo deitou em cima da cama, conversa vai, conversa vem, Bruna e pseudo saem e a gente enfim dorme, Acordamos na hora do check out e saímos correndo do hotel.

Almoçamos no Mc Donald’s de novo e fomos visitar a cidade, fomos ao cais da Ribeira, a praia, tiramos fotos, conversamos, rimos e enfim voltamos para casa, Bruna, Paula e pseudo para Lisboa, e eu e Ju para Braga.

Agora, depressão pós-Marrakech-Porto.

A faculdade

Nem sei por onde começar. A parte boa é que não me sinto culpada se falto aula para viajar. A parte ruim é ficar um semestre assistindo aulas meia boca. O campus de Braga é extremamente pequeno, e a Faculdade de Filosofia menor ainda. Nosso curso, Ciências da Comunicação, é meia boca. Uma aula vale muito a pena: a de Atelier de Jornalismo Radiofónico. O professor é legal e gosta de dar aulas, o que torna tudo melhor.

Há uma professora que acha que os alunos são palhaços, falta a hora que quer, sai p/ resolver assuntos a hora que bem entende, chega atrasada, não dá aulas e ainda exige que os alunos façam o melhor trabalho. Se bem que os alunos também não são nada esforçados e nem ligam de ser enrolados, na verdade acham até bom. Uma dessas aulas, a professora saiu para resolver uns assuntos na coordenação e demorou mais de 30min, os alunos, ao invés de procurarem-na, saíram da sala fugidos, fuga em massa mesmo.

Enfim, vale a pena pela experiência de estudar fora, morar sozinha e de quebra viajar muito.

Os alunos não foram amigáveis no início. Ninguém se aproximava. Até que um dia rolou um jantar de turma, uma espécie de confraternização de início de ano. A turma inteira vai jantar, bebida liberada e depois partem para uma “discoteca” ou algo do tipo. Nesse dia, nos enturmamos com a galera. Hoje, conversamos com todos, mas não é do tipo: Me dá seu telefone, vamos marcar algo blá blá blá. A relação é super sala de aula e só.

O apartamento

Depois de uma semana no hotel, conseguimos achar um apartamento. Uma senhora viúva, que utilizava o lugar como depósito de móveis resolveu alugar para estudantes. Depois de retirar os móveis e fazer uma limpeza, nos instalamos. Descobrimos que a água do chuveiro era gelada!!! Tomamos banho gelado por quase duas semanas, por problemas no aquecedor. Além disso, outra surpresa: após escovarmos os dentes, vimos que água que saia da torneira estava suja… resultado de um encanamento que não via água a uns dois ou três anos! Mas fora isso, o apartamento é bom. É todo mobiliado, tem até microondas. E a dona do apê é uma fofa, ela me lembra uma espécie de Papai Noel mulher. Sempre muito prestativa, já nos arrumou máquina de lavar, aquecedor, cobertores, até assinou internet e TV a Cabo. Detalhe que não temos TV, na verdade até temos, mas é da década de 50 e não tem entrada p/ DVD então nada feito, a TV a Cabo não funciona, mas vamos dar um jeito nisso também.

Depois de um mês, decidimos alugar o quarto, já que a Juliana dormia comigo e usava o dela só p/ se vestir. No dia seguinte, uma Cabo Verdiana estava morando com a gente, não sei até onde foi uma boa ideia, mas agora já era. Além disso, ela vai ficar no apartamento por uns três anos e nós já vamos embora em Fevereiro.

Chegada em Portugal

O voo não podia ter sido mais desconfortável, quase 10h dentro de um avião e se consegui dormir 2h foi muito. No escuro, na madrugada, chorei ouvindo Daniel na Cova dos Leões no mp3 player, assisti ao filme Sex and the City 2, senti saudade antecipada e ansiedade pelo que estava por vir. Não me lembro a que horas cheguei no aeroporto de Lisboa, deve ter sido por volta das 9h da manhã, fiquei uns 30min na fila da imigração, e lá fiz alguns conhecidos, que estavam no mesmo barco, 6 meses ou 1 ano de estudos em Portugal, cada um para uma cidade diferente, dividimos inclusive um táxi para a estação de trem e lá nos separamos.

Sozinha, esperei por quase 2h para pegar um trem, ou comboio como chamam aqui em Portugal, para Braga. Liguei para meus pais e namorado, avisando que havia chegado. Conheci uma professora e sua filha, brasileiras que também moravam em Braga, a professora estava lá a fazer pesquisas, era socióloga. Me senti protegida ali, pessoas que conhecia a alguns minutos, mas amigas e conterrâneas.

A viagem de comboio foi tranquila, o trem era mais confortável que o avião, abaixei a mesinha de apoio, deitei a cabeça ali e dormi praticamente a viagem inteira.

O hotel em Braga, por sorte, ficava em frente a estação de comboio, e não tive muita dificuldade em carregar a mala até lá. Cheguei ao hotel, o recepcionista me disse que a Juliana já havia chegado porém saiu. Cheguei no quarto, tomei um banho demorado e caí na cama, acordei depois com a Juliana chegando. Conversamos um pouco, ela dormiu e eu saí para jantar. Voltei, demorei um pouco para pegar no sono de novo e descobri que a Juliana fala enquanto dorme. Fala não, conversa, te responde e até senta na cama. Até hoje me divirto com o sonambulismo dela, mas confesso que as vezes me assusta.